Esquizofrenia
Tudo começou com a mania de escrever a lápis. Queria escrever um conto sobre escrever com lápis, sobre como a escrita poderia ser mais pura e poderia “fluir” mais livremente se no papel pudesse deslizar essa mistura ereta e linear de madeira e carvão comum em todas as sociedades e classes do planeta. Comprei um pacote de lápis, apontei lápis, escrevi a lápis, pintei a lápis, investi nas lembranças da infância, depois nos sonhos, passei paras imagens das últimas viajens e ao final minha tese foi refutada. Contudo, na mesma semana, paralelamente ao enorme trabalho à lapis, um fenomeno estranho sucedeu na casa, algo é claro que só consegui perceber muito mais tarde, afinal encontrava-me muito ocupada com a tarefa que me havia proposto. Nos momentos que não estava escrevendo arrumei algumas coisas na casa, e acabei por embucetar a casa inteira. A embucetada se deu por causa de umas luminárias japonesas, sabe aquelas esferas de papel de seda com motivos japonesese e arcos de arame bem fino por dentro? Pois enchi todas as lâmpadas da casa com uma dessas, exceto o quarto do menino, o segundo quarto do terceiro corredor. Não sei se por ser menino, mas pra ele comprei uma luminária japonesa quadrada, sabe daquelas que parece que é feita de pauzinhos de pegar sushi? Daí fiquei com aquela suspeita toda do inconsciente. Depois lembrei da tal da Liquidação. Elas eram lindas de verdade, redondas e finas, frágeis, de papel claro e com desenhos sutis. Era janeiro, aquele sol infernal. Os ricos e os estudantes estavam na praia ou na montanha. Nós estávamos ali e tudo estava
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