Esquizofrenia 3
Assumida a cura, algumas luminárias doadas, outras abandonadas, a vida deslocada geograficamente e a abundância de calor e sol todos os dias formam um quadro novo e ausente de qualquer voz externa. Já sabia que um dia poderia voltar a ouvir os objetos, so que pensei poder me safar. Não lhes dava ouvidos, nao lhes deixava aproximar. Nem mesmo aos baobás com a imponência e o aspecto de sábios anciãos dei crédito de proximidade. Porem, conseguiram ser muito mais sutis, já estavam a gritar e eu sequer havia percebido qualquer indicio de seu retorno. Muito mais incisivas, mais falantes, mais confusas, mais femininas e, paradoxalmente, silenciosas.
Eu deveria ter imaginado. A solidão iria despertá-las. Tudo se passou quando voltei a escrever. E desta vez não escrevi a lápis, nem dei espaço para escutar objetos, passei a escrever no computador e logo já publicava na rede. A fineza de agora é que já não falam por si, falam pelos outros, pelo que os tantos outros dizem e escrevem. Ao mesmo tempo que esvrevo e publico, vejo as publicações dos amigos. Os amigos tem amigos que publicam e os amigos dos amigos publicam, e os amigos dos amigos dos amigos publicam, e nessa progressão infinita elas se manifestam enlouquecidas e permanentemente falantes. Ali estão elas, em rede, em círculos. Você as quer, você as vê, as escolhe, as lê, as segue, as crê. São expertas, serão sempre presentes, de ouvidos tapados me falam aos olhos, se eu fechar os olhos ainda me falarão, de algum modo terão de se manifestar.
Eu deveria ter imaginado. A solidão iria despertá-las. Tudo se passou quando voltei a escrever. E desta vez não escrevi a lápis, nem dei espaço para escutar objetos, passei a escrever no computador e logo já publicava na rede. A fineza de agora é que já não falam por si, falam pelos outros, pelo que os tantos outros dizem e escrevem. Ao mesmo tempo que esvrevo e publico, vejo as publicações dos amigos. Os amigos tem amigos que publicam e os amigos dos amigos publicam, e os amigos dos amigos dos amigos publicam, e nessa progressão infinita elas se manifestam enlouquecidas e permanentemente falantes. Ali estão elas, em rede, em círculos. Você as quer, você as vê, as escolhe, as lê, as segue, as crê. São expertas, serão sempre presentes, de ouvidos tapados me falam aos olhos, se eu fechar os olhos ainda me falarão, de algum modo terão de se manifestar.
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