Véspera de Natal de 2020, pandemia mundial, todo cuidado é pouco, alguns familiares são grupo de risco e isso significa não viajar e não vê-los presencialmente agora. Fica tudo virtual. Este ano tudo tem sido assim, mais pela janela da tela do computador e do celular do que através do tato, do olfato e da experiência do corpo-presente, imerso. Chove, aqui chove muito hoje, e a chuva é um dos fenômenos mais espetaculares e incríveis que posso entender. A água, tudo que tem a ver com a água é de uma magnificência e de um explendorosidade para mim. Mesmo que essa palavra ex-plen-do-rod-sidade nem exista. Na tela do computador passam imagens, e imagens, e imagens, e algumas sempre se repetem e me chamam a atenção: são as réplica das pinturas do David Hockney. Meu algoritmo me enche delas. Desde que morei em Londres por uma temporada tenho essa paixão pelo pintor. Nunca me perguntei especificamente porque gostava tanto, mas provavelmente se tivesse que responder naquela ép...
Março 2021, há 37 anos de sua morte por complicações de AIDS Michel Foucault é acusado de pedofilia. O acusador não é uma de suas supostas vítimas, mas uma pessoa que diz tê-lo conhecido e o visto consumir a prostituição de garotos menores de 11 anos na cidade de Tunis nos anos entre 1966 e 1968 quando o filósofo aí residiu. As manchetes internacionais começaram já em fevereiro dizendo que o estavam acusando, e as nacionais começaram agora e estão sendo reproduzidas em massa nas redes sociais. No Brasil dizem que o filósofo está sendo acusado de Pedofilia, o que é estranho, pois a palavra mais adequada seria Pederastia , já que é mais coerente com o fato do qual o acusam. Isso revela a primeira artimanha da notícia pois faz parecer que não há problema para esta sociedade que se trate de relações homossexuais, mas sim que seja com crianças. Com isso, tentam colocar Foucault no lugar de abusador de menores como se ele estivesse ao lado de todos aqueles h...
Um filme extremamente apreciável do ponto de vista das escolhas estéticas, do roteiro e da linguagem imagética que casa perfeitamente forma e conteúdo. Mais do que um filme que mostra os "fatos políticos atuais" e alerta para muitos jogos de poder que levaram o país à situação que está, o filme tem técnica e estética impecáveis. Esteticamente opta pelo toque delicado, e tecnicamente é feito com muito cuidado, trazendo como diferencial a opção da simplicidade e singeleza das imagens amplas, embaladas por músicas agradáveis, ficando inclusive bem marcado este detalhe nas imagens íntimas da narradora quando criança e o contraste delas com fotos de tortura (estas estáticas) logo nos primeiros minutos. Já no início nota-se que não é (e nem parece pretender ser) uma super-produção e nem busca explicar ou denunciar algo que o expectador ainda não soubesse. A abordagem (texto-imagem) é como um sobrevôo aos "fatos" a partir de uma perspectiva pessoal mas sem ser su...
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