Nosso Senhor do Faceboock, Amém


No faceboock un "amigo" escreve o seguinte desabafo:

"vivemos ainda na idade média do transporte no Brasil, os serviços em terminais de embarque aeroportuarios são um piada, pagamos taxas altas de embarque e passagens com tarifas acima da média na América do Sul. Neste exato momento me encontro embaixo de um telefone público narodoviária  de Maringá onde consegui encontrar uma tomada para poder recarregar o telefone... Todas as cadeiras do terminal estão ocupadas e estão ocupadas tmb todas as 3 tomadas do terminal, sendo que uma delas o rapaz próximo a minha pessoa desligou o bebedouro para usar em seu smartphone... Enfim... Estamos vivendo na pré-história da infra estrutura aeroportuaria, aeroviaria, aeroporranenhuma... Mais com a copa tudo isso vai mudar..."

Comovente sua situação não? Imaginem as peripécias que passou até encontrar uma tomada debaixo de chuva e num orelhão só para escrever no FB o que lhe estava acontecendo.

Assim aquele desepero não seria em vão. 

Além disso, parece que a chuva, a falta de bateria no celular, o excesso de gente que pode viajar no feriado da páscoa que não lhe deixavam sequer uma cadeira, e o outro estúpido que teve mais sorte de ter achado um bebedouro pra desligar e conectar seu telefone, mexeram com a sensibilidade, com a memória a com sua capacidade de raciocínio.

Ele esqueceu das 5 aulas sobre Idade Média que teve na escola há muitos e muitos anos atrás, na qual não se poderia nem imaginar a existencia de telefone, e também esqueceu que na Infraestrutura da Pré-historia, rodoviária e orelhão  não podian sequer ser ditos, porque se supõe que a sociedade humana ainda nao tinha adquirido (ou desenvolvido) a linguagem. Junto com esta imbecilidade latente e a necessidade de desabafar, como um condenado que tem que confessar antes de que lhe apliquem a injeção letal,  diante da adversidade que vivia sua salvação foi RECLAMAR no Faceboock. 

Filosofando a respeito:Se Freud dizía que Deus era um pai ao qual todos os Humanos queriam pegar na mão para se sentirem seguros, provavelmente esse Pai hoje é o Face. A quem se dá a mão quando se recorre ao Face? Não a um pai, mas ao um grupo gigantesco de amigos. É a rede que nos fortalece.O que confessamos no Facebocck, ultrapassou o modelo de confissão cristão, onde se admite a responsabilidade dos pecados diante de um Padre que os perdoa segundo penitencia. Ultrapassou também  a confissão moderna diante dos médicos e principalemte do Pscicanalista, que já não perdoa mas assegura uma evolução pessoal do sujetiro ao fazer-se conciente de suas verdades ocultas.

A CONFISSÃO FACEBOCKIANA não tem intermediário, nem perdão, nem julgamento, o único que importa nela é que ninguém se sinta SOZINHO nos seus desabafos. 

O objetivo de qualquer frase não é ser lida, é ser comentada, curtida (I Like), e mesmo contrariada. Não se trata do que se diz, do que se pensa, de ter uma opinião, nem de se expor - mesmo que seja um espaço propício para deixar fluir nossos Eus inventados- mas de SENTIR-SE CONECTADO. 

Se o Faceboock tem um objetivo é o de formar redes e a NORMA é que cada usuario queira enredar-se. Quando Deleuze diz que o "desejo quer querer", parece sugerir que independentemente do objeto, o desejo precisa existir, enquanto houver desejo haverá consumo, haverá milhões de quereres e isso norteará nossa subjetividade.

Ora, sobre o Faceboock se podería dizer o mesmo, o faceboock quer manter-se como rede. Enquanto o objetivo dos usuarios seja enredar-se, independente dos milhões de temas que ativem os comentários e os "likes" a rede se mantém. 

Amém.    

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

E agora foucaltianes, vamos defender Michel Foucault ?

O cão de David Hockney e a temperatura humana de sua pintura.

Sobre Democracia em Vertigem