Esquizofrenia 2




A ultima vez que escrevi jà faz muito. Sei que sempre estou meio ausente nesta metamorfose entre borboleta e casulo, entre a ansia de ter algo para dizer e a certeza de que tudo ja foi dito, e pior: da melhor forma que poderia. Por essas e outras razões mantenho-me no siléncio absurdo de quem observa e, sobretudo, escuta.
As luminarias andei distribuindo_ e é importante que se ressalve aqui que "distribuir" não significa entregar aleatoriamente sem critério algum, principalmente por se trarem de objetos bem mais que luminàrias, como bem se sabe_ e do casulo desteci algumas partes e boboletei para outro continente. Aqui ainda nao sei a que objetos dar ouvidos. Por enquanto mantenho-me no Inexpressivo _ como ja foi melhor dito por ela e não por mim_ Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio e nesse silêncio profundo se esconde minha intensa vontade de gritar. (Clarice Lispector).
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