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Mostrando postagens de 2013

A frase onde ela se foi

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Me fazia falta uma amiga naqueles dias. Tinha vontade de conversar, falar de alguns problemas, tomar um café, botar conversa fora, rir um pouco, esquecer do frio e da chuva dos últimos dias. Como ela não estava por perto decidi escrever-lhe. Comecei com o clássico: _Oi, como você está? Segui com algumas frases de carinho, pensadas rapidamente, mal escritas. Tomei algum cuidado para não ser sentimentalista demais, aquilo seria falso. Falei da nossa distancia, de como gostaria de vê-la e de como me sentia triste por estarmos longe. Ela também começou com o clássico. _Nós estamos bem! Não era tão clássico é verdade. Esse uso do plural denunciava que ela já não existe. Agora ela é eles. O filho, o marido, o cachorro, a cidade, aquele trabalho, o carro. Sim inclusive o carro. Uma das formas mais imbecis que a humanidade encontrou para dissolver uma pessoa singular e passá-la para o plural é o carro, esta extensão do corpo humano que pode fazê-lo desaparecer e ao mesmo tem

Os livros onde te perdi

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há muitos anos te perdi num livro um livro abusado pelos psicólogos pops, de frases trilhadas que já não representam quem sou. Naquele tempo minha casa era outra, o seu teto era de outro material  Nós líamos o Gabo durante tardes inteiras, e  só agora o entendo perfeitamente há um tempo atrás te fostes com un livro, um tratado científico que descreve a arte de desaparecer Eu tinha memorizado as paginas, E as reescrevi num caderno de espirais grossas. há um tempo atrás te encontrei em outro livro desta vez não fui eu quem escrevi. Te juntei peça por peça, E já eras outro, não aquele menino, nem aquele adolescente arrognte. Há pouco tempo atrás  te encontrei numa cronica de jornal Tu estavas escrito sobre lençois, sobre os assentos de um auto os personagens eram dois e todas as semelhança eram pura coincidência Agora as vezes apareces sobre as páginas intangíveis de um não -livro dizes quatro coisas que parecem bonitas e desapareces como só tú sabes mas a verdade é

Uma rua da Cidade do México.

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"Passeio da Reforma" (em portugues) é essa grande avenidona nessa cidadona que é a cidade do México (uma das 3 maiores do mundo).  A Avenida da Reforma é a rua principal desta cidade, está no coração do centro histórico e leva este nome como homenagem às reformas (modificações políticas) que começaram a acontecer no país depois da ditadura de Porfirio Dias (que terminou e 1910). A rua foi, e é, palco dos principais acontecimentos políticos da nação.  Está cheia de monumentos, chafarizes, símbolos que se referem à historia e à memoria da metrópole. Constantemente modernizada, tem ciclovias, bancos, jardins, está margeada por hotéis, grandes companhias de bussines, hards hock's cafés y starbuc's cafés . Não fosse pelo engarrafamento e o barulho constante das buzinas histéricas do trânsito, seria um lugar agradável e um pouco diferente do resto da cidade. Feliz ou infelizmente o lugar não esconde suas contradições e a hipocrisia de uma sociedade ainda colonialis

Deixa de bobagem Oneida

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"Em agosto de 1940 Mario de Andrade escreve a seguinte carta a uma amiga: ( Oneida Alvarenga) Mas você sofre daquele delírio honesto de perfeição que lhe quer impedir escrever sobre um assunto enquanto não tiver lido toda a bibliografia desse assunto? Conheço essa tentação do Demônio que eu também sofri.  É a mesma que faz os neocomungantes se perguntarem angustiados se não enguliram alguma gotinha d’água enquan to lavavam os dentes. Deixe de bobagem, Oneida, vamos pra diante. Você não percebe que tudo isso são tentações da preguiça, impedimentos da vaidade, máscaras da covardia?  Faça a sua conferência e saia dela com a convicção, não de ter dado tudo o que podia, mas o suficiente para ser útil e honesta.“Tudo” é a existência, e custa uma vida. Só no dia da morte você terá dado tudo quanto poude.  Mário de Andrade."  73 anos depois me sinto Oneida.  Já entendi: é hora de deixar de bobagem.  O que o Mario parece não ter percebido é que há um pra

Nosso Senhor do Faceboock, Amém

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No faceboock un "amigo" escreve o seguinte desabafo: "vivemos ainda na idade média do transporte no Brasil, os serviços em terminais de embarque aeroportuarios são um piada, pagamos taxas altas de embarque e passagens com tarifas acima da média na América do Sul. Neste exato momento me encontro embaixo de um telefone público narodoviária  de Maringá onde consegui encontrar uma tomada para poder recarregar o telefone... Todas as cadeiras do terminal estão  ocupadas e estão ocupadas tmb todas as 3 tomadas do terminal, sendo que uma delas o rapaz próximo a minha pessoa desligou o bebedouro para usar em seu smartphone... Enfim... Estamos vivendo na pré-história da infra estrutura aeroportuaria, aeroviaria, aeroporranenhuma... Mais com a copa tudo isso vai mudar..." Comovente sua situação não? Imaginem as peripécias que passou até encontrar uma tomada debaixo de chuva e num orelhão só para escrever no FB o que lhe estava acontecendo. Assim aquele desepero

O corpo de Arteau

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(...) se quiserem, podem meter-me numa camisa de força mas não existe coisa mais inútil que um órgão. quando tiverem conseguido um corpo sem órgãos então o terão libertado dos seus automatismos  e devolvido sua verdadeira liberdade.  ARTAUD, Antonin . Para acabar com o julgamento de Deus.

A arte do olhar fotográfico

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A capacidade de abstração de um povo depende diretamente da educaçao e da cultura desse povo. Ao mesmo tempo que as culturas mais avançadas no quesito civilização tem maior capacidade de abstrair certas ideias ( porque isto é exatamente o hábito que define civilidade e educação), também tem maior capacidade de manter as coisas abstraídas, separadas, sem qualquer ligação entre si. Essa maneira Euroamericana de pensar que as coisas se conhecem a partir de sua dissecação, como se o próprio ser humano pudesse ser montado e desmontado por partes como se fosse uma máquina, se expalha e se mantém através da constante reprodução desse modelo de pensamento e comportamento. As analogias e as metáforas assumem as formas de raciocínio mais utilizadas para decompor e recompor as abstrações, delimitando inclusive a composição livre do olhar. Dentro dessa maneira de "ver" as coisas, a ninguém se lhe ocorre que um bife é um pedaço de animal e que também os seres humanos são anima

Meu amigo de infancia e o Homem de sucesso que se tornou

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Ele não foi exatamente meu amigo, ele era uns 5 anos mais velho e isso faz muita diferença quando a gente é criança e ele nem sabia que eu existia, mesmo que eu pedisse a Deus todos os dias que cuidasse dele e de mim mais do que do resto do mundo. Quando eu fiz uns 16 anos, ele devia ter entre 20 e 21, tivemos um pequeno Afaire . Meus sonhos se realizavam e a decepção também chegava logo quando ele abriu a boca. Além de um mau hálito de menino comilão, nós não eramos almas gêmeas como eu pensava. Há un mes ou dois nos encontramos no Faceboock. O encontro nao foi nada emocionante nem pra mim nem pra ele, mas eu fiquei sabendo que, depois de participar ativamente nos movimentos estudantis, chegando inclusive a ser da diretoria da UNE, ele se formou Engenheiro Agrônomo e trabalha numa dessas distribuidoras de alimentos para os programas sociais do governo brasileiro_ cesta básica popular, algo do tipo que eu realmente nao sei. Está muito bem obrigado, tem casa com picina , carro, f

O deserto

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O deserto é muito intrigante. Nunca estive em um e quando me ponho a pensar em como pode ser passar umas semanas nesse ecosistema me dá medo. Do mesmo jeito que tenho medo de um montão de outras coisas, das quais acabo tentando esquecer e entender através de alguma filosofia que sempre é um pouco torpe, um pouco generalizadora e um pouco radical. O deserto é algo radical e é nessa radicalidade que parece residir seu encanto. Um encanto que o faz digno de palavra usável na poesia, nas boas metáforas e em um montão de figuras de linguagem. No meio do deserto um oasis é uma das figuras metafórica e reais mais interessante. É como se num pequeno buraquinho no meio de um nada radical e intransponível (de tempestade, frio e calor) a natureza resistisse.